E se escrevesse um poema?
Não sobre o amor ou a noite
Sem o fado ou o luar
Um frívolo poema assim
Sem magicar…
Sobre uma coisa qualquer
Sim, uma coisa qualquer
Uma coisa qualquer tem qualquer coisa de poético…
Há poesia no frenético,
No anti-estético
No orgânico, no mecânico
No harmónico e na entropia
No colorido a preto e branco
Na tempestade e na acalmia
No palpável e no impalpável
No físico, no inexplicável
No eterno ou no pontual…
Na esterilidade inesgotável
Em qualquer coisa trivial
È possível,
A fenda na alma lateja
E é possível,
Sim… Ei-lo!
Triunfante, o poema
A emprestar brio à coisa
A qualquer coisa
A uma coisa qualquer!
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