sábado, novembro 26, 2011

Maria,

Quando soube que aí vinhas fiquei muito feliz. A tua mãe, brilharam-lhe os olhos como em poucas ocasiões… Vou guardar o sorriso dela, deitada na marquesa, a doutora com o aparelhómetro em cima da barriga e umas imagens difusas num ecrã à nossa frente. A doutora cheia de certezas: “É uma menina! Se não for, pago o enxoval” A tua mãe a olhar para mim, os olhos dela a brilhar - já tinha dito que brilhavam? - a procurarem os meus e o sorriso. O sorriso… Linda a tua mãe a sorrir assim. Tu também serás, linda!


Retribui o sorriso, emocionado e fiquei a ver a médica a escrever: M-E-N-I-N-A, enquanto me passava tanta coisa pela cabeça… Toda a gente dizia que ias ser um menino. Teorias, teorias e todas pareciam apontar no mesmo sentido: menino! Mas sabes?! Só tínhamos nome para menina. Há muito que tinhas nome, sabias? Tu ainda uma suposição, um ténue esboço, uma longínqua hipótese e já tinhas nome. “Se tiver uma filha há-de ser Maria.” Depois a tua mãe e eu e: “Se tivermos uma filha: Maria.”


Enfim, depois lembrei-me da tua avó… Sabes que és Maria por causa dela? Não a vais conhecer, mas vou-te falar dela e vais ver: orgulho. Ia ficar tão contente a tua avó… Vais ter o sorriso dela e da tua mãe.


Tão feliz, a tua avó, tão feliz. E o sorriso da tua mãe, os olhos a brilhar e eu: “Maria!”