quinta-feira, dezembro 28, 2006

"Nunca mais vais ser o mesmo..."




Claro que não! Desde que acordei hoje, pus um dos pés no chão primeiro do que o outro e por causa disso eu já não era o mesmo, não é?

Qualquer inspiração de azoto e outros gases, qualquer batimento cardíaco, qualquer piscar de olhos me modificam para sempre… A verdade é esta. Claro que há precipitações de acontecimentos que podem levar a modificações mais bruscas e a transformarem-me a vários níveis de forma célere. Por exemplo, se assisto a um Benfica – Sporting na televisão, as minhas unhas são uma a uma modificadas súbita e defeituosamente. Depois é só fazermos um exercício de relatividade simples, ou seja, o importante é a escala a que tudo se processa e a variação que isso implica. Mas uma coisa é certa: é irreversível! E ainda bem, é bom não haver undo.

Claro que nunca mais vou ser o mesmo… Houve um gajo que me meteu uns aparelhos pelo joelho adentro e me transformou abruptamente… Gostava de voltar a ser o mesmo? Gostava! Mas estou modificado para sempre, não é óbvio?

Não, não me refiro só ao pedaço de menisco que foi para dentro do balde metálico da sala de operações, nem ao ligamento que foi encurtado. Reporto-me à prova a que estou a ser sujeito. O responder, dizendo: “Então não hei-de ser?!” E saber que não…

"Ah, isto não foi nada, daqui a pouco estou fino…" Mas nunca tão fino quanto antes… Não é nada, mas é qualquer coisa… Mas hei-de ficar quase bom, agora esse quase… Enfim, que devaneio, que insegurança...

Queria voltar atrás no tempo, impedir que aquele lance que revejo inúmeras vezes na minha mente acontecesse… Mas por outro lado, aprendo com isto, vivo uma nova experiência, um obstáculo que quero transpor com atitude, um exame que quero passar com distinção.

Concluindo, não me digam outra vez que nunca mais vou ser o mesmo, ok?! Óh fachavor….Porra!