tag:blogger.com,1999:blog-377172132024-03-19T13:03:08.982+00:00roger-a-jactoDe vez em quando...rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.comBlogger70125tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-35144434254137603022013-11-22T17:08:00.002+00:002013-11-22T17:09:37.954+00:00Rita<div class="MsoNormal">
Cheiras bem, Rita<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Beijo-te, fecho os olhos e inspiro<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Como se te pudesse absorver<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Olhas-me como se dissesses,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não fujo, estou aqui<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Como se percebesses a ânsia<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
De te ter<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E depois sorris<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por nada, ou talvez por tudo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sinto-me eu pequenino então<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Desarmado, despido, à mercê<o:p></o:p></div>
De ti<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-19025457395366266022013-04-10T15:02:00.000+01:002013-04-10T15:02:03.848+01:00Tarde estragada<br />
<div class="MsoNormal">
É tempo de ver chover<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Entrelaça-se o som com o crepitar,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
o piano melancólico<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
que chega, sem avisar<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É um anoitecer de almas<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Turva-se a luz com o findar,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
o malte derretido<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
que flui, sem evaporar<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É um frio de mármore<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Fica-se o corpo com o tremor,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
a febre abrupta<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
que vai, sem ardor<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É um anúncio de fim<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Relaxa-se o espírito com o render,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
a dormência apetecida<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
que fica, sem querer<o:p></o:p></div>
rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-36616211974660538672013-03-21T09:52:00.000+00:002013-03-21T09:52:08.766+00:00Primavera VS Poesia<br />
<u><a href="http://www.rogerajacto.blogspot.pt/2007/03/primavera-vs-poesia.html">http://www.rogerajacto.blogspot.pt/2007/03/primavera-vs-poesia.html</a></u><br />
<br />
<br />
<br />rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-17727049707895268012013-03-09T16:24:00.003+00:002013-03-11T23:11:53.094+00:00A dó de não poder<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A dó de não poder</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Abraçar o mundo e ter</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">De uma só vez o conhecer<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Todo<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">E citar de cor<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Os poetas do amor<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Passageiros da dor<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Todos<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">E saber enunciar<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Teorias sem hesitar<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Teoremas de encantar<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Tudo<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Conhecer os segredos<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Dos músicos os medos<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E as odes dos ledos<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Todas<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">E então?<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A sede secaria<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A busca finaria<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">E de mim o que seria?<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-21985161328400505382012-08-17T12:30:00.001+01:002012-08-17T13:52:32.842+01:00Ensaios<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">“Não sei, tu é que tens de decidir.” Respondo-lhe eu perscrutando-lhe o olhar, tentando ver nele a resposta que queria que lhe desse. “Mas não tens ideia nenhuma?” Pergunto-lhe vagamente, para lhe arrancar mais umas pistas. Mas não chegam, apenas o olhar absorto, perdido em indecisões e ponderações, exercícios de equilibrismo para os quais a sua mente está longe de estar preparada. Pela inexperiência, pela imaturidade, pela ingenuidade dos dezasseis anos de vida, que agora me parecem tão fugazes como este café que engulo de uma vez. “Lembro-me de uma vez ter escrito sobre isso, debatia-me eu com indecisões, no tempo em que tu não eras nascida, estava perante o que eu pensava ser uma grande encruzilhada. Afinal era só mais uma escolha que tinha de fazer. Sabes, grandes ou pequenas, todas as decisões te vão influenciar. Às vezes, até o mais pequeno detalhe nos muda completa e irremediavelmente, o mais pequeno fôlego pode ser determinante. Sei que são chavões, filosofia barata dita ao desbarato, mas a escolha de um caminho não obedece a regras definidas à partida, há muito mais de intuitivo nisso do que matemático, digo eu agora. A procura interior tem de ser tua, a introspecção, a luta que travares agora revelará a tua escolha tanto melhor, quanto maior ela for, a luta. Enfim, sei que não te estou a ajudar nada, mas conheço-te desde que nasceste. Mesmo. Vi-te a ver o mundo pela primeira vez, a respirar pela primeira vez e sabes?! Os teus olhos já vinham abertos e a absorver tudo, não eras uma bebé normal com os olhos inchados e vagos. Não, encontro-te agora mais perdida, do quando te olhei pela primeira vez nos olhos, enormes, sem cor definida, mas a observarem-me com uma força inexplicável, com um poder sobre mim, arrebatador. Desde então que achei que estarias fadada a uma vida singular, cheia.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Apreensiva, continuavas de olhos vidrados no rio, a seguir os carros que seguiam vagarosamente na ponte, o vento puxava-te os cabelos para o rosto e abanavas a cabeça para que saíssem. A pele do rosto branquinha, parecia porcelana a reflectir um raio de sol que passava por entre as folhas dos choupos e te iluminava só a ti. Num flash, apercebi-me da linda mulher em que te tornaste e quedei-me, outra vez, pedrado de orgulho. Interrompi novamente o silêncio, quase emocionado com o cenário que absorvia:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">“Achei sempre que podias vir a ser aquilo que nunca fui, mas que pensava que ia ser: brilhante! Tu ainda minúscula, tão pequenina e magrinha, os dedos longos, os olhos grandes, as pestanas maiores que tu. E eu a imaginar-te no futuro, sempre bonita e saudável, claro, com o mundo na mão. A girar à tua volta, a lua.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Às vezes imaginava-te genial, muito inteligente, mas depois só te queria muito feliz. Outras vezes imaginava-te com um talento qualquer especial, como aqueles miúdos que aparecem na última notícia do telejornal porque com três anos já sabem tocar piano como os melhores intérpretes do mundo. E eu sempre muito orgulhoso. Mas depois só queria que fosses normal. Mas um normal diferente do normal que eu sou. Um normal absorvente, atento, à descoberta, sem pressa, desprendido, livre, dado. E agora aí estás tu, de olhar no infinito, sem escutar nada do que para aqui estou a dizer, com dúvidas face a um futuro, a uma ocupação, a uma vocação que não sabes se existe, se é, se será. Quem me dera ajudar-te, mas está na hora de seres tu, de abrires as asas contra o vento e seres livre e brilhante.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">“Diz pai. Não te estava a ouvir.” </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">“Eu sei, filha, eu sei…”</span></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=adqN6-fIT-U" target="_blank">Bridge Over Troubled Waters - Johnny Cash</a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-8750281945640079872012-06-04T14:46:00.000+01:002012-06-04T14:46:24.371+01:00Benvinda Sejas Maria<br />
Benvinda sejas<br />
À grande casa solar<br />
A este tempo finisecular<br />
Hoje é o teu dia de estreia<br />
Olha à volta tens a casa cheia<br />
Há estrelas e rios na plateia<br />
<br />
Tudo isto é teu<br />Aquém e além do horizonte<br />
A brisa que afaga o amieiro<br />
E a água na fonte<br />
Benvinda sejas, maria<br />
Benvinda sejas, maria<br />
<br />
Por ti as águias velam<br />
No cimo dos montes<br />
E a lua rege<br />
O orfeão das marés<br />
À noite os poetas<br />
Decifram os lunários<br />
Para ver se conseguem<br />
Descobrir quem és<br />
<br />
Tudo isto é teu<br />
A terra é tua serventia<br />
Mas vais ter de lutar<br />
Por ela e por ti em cada dia<br />
Benvinda sejas, Maria<br />
Benvinda sejas, Maria<br />
<br /><br /><br />
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/o7vKxnLKWkM?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
Rui Veloso, Bernardo Sassetti</div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-8404782108881744602012-06-01T16:06:00.001+01:002012-06-01T16:06:58.876+01:00Maria,<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Vou continuar a escrever-te como se lesses, já. Agora que és uma realidade de três quilogramas, que te tenho nas palmas das mãos, que te aperto contra o peito, te cheiro com força, te beijo levemente para a barba não te picar, te sussurro ao ouvido palavras tontas, te seguro de mil maneiras diferentes quando choras, ou adormeço contigo aninhada nos meus braços. Agora, que te beijo outra vez quando saio de manhã, que subo as escadas mais depressa quando chego à tarde, na ânsia de te ver, pegar, cheirar, sentir. Agora, já não há nada a fazer, estou irremediavelmente apaixonado por ti, até ao mais ínfima grama do teu ser. </span></div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-83988552625279528342012-04-20T19:24:00.000+01:002012-04-20T19:24:10.602+01:00Ultras da Ponte<div style="text-align: justify;">
Afigura-se-me obrigatória a dedicação de umas linhas ao renascimento dos Ultras da Ponte. Se por um lado pouco haverá a acrescentar ao que já foi escrito, dito ou cantado, por outro sinto que, em jeito de agradecimento, reconhecimento e homenagem, devo pelo menos tentar enaltecer ou assinalar o momento que se vive.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Não há palavras”, foi assim que comentei numa rede social um vídeo da nossa claque no último jogo em casa, que espelhava um pouco do que se passou nessa tarde. Mas há sempre palavras. O que acontece é que será sempre injusta ou até inglória qualquer tentativa de materialização em texto de certas e determinadas sensações ou ocasiões. Portanto, dizer que me senti muito honrado, privilegiado, sortudo, será sempre pouco. Dizer que parecia um puto a receber um presente, que nem sabia como havia de estar, como reagir, que me surgiram forças desconhecidas em momentos de desgaste, que me arrepiei umas quantas vezes numa sensação inexplicável, fininha, pela “espinha” acima, que nos deixa em pele de galinha. Admitir por exemplo, que no final não contive umas lágrimas de emoção, tamanha era a sensação de que estava a experienciar algo único, vivido por poucos e, como tal, valorizável. Enfim, quem me dera apanhar esse momento e emoldurá-lo na alma. Dito assim, já talvez reflicta um pouco do que se passou…</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Analisando mais friamente, “mais com a cabeça do que com o coração”, como se diz na gíria futebolística, os Ultras da Ponte representam muita coisa. Representam uma geração, uma cidade, um clube, uma ideologia, uma forma de estar, uma atitude. Manifestações desta natureza, com base em pilares como a fraternidade, a amizade, a união, o companheirismo, alguma loucura (da boa, claro está) e muita vontade, são exemplares e devem ser engrandecidas. Fosse a nossa sociedade em geral movida por tais intentos… Note-se que esta não uma claque impessoal, de um clube grande, em grandes competições, com aspirações enormes. Não, esta é uma claque de amigos do pessoal que está dentro do campo. É a mesma malta que grita por quem corre, que a seguir bebe uma imperial e fala de carros, bola ou música, com os que estão lá dentro. E os que estão lá dentro não são os ídolos inacessíveis e adorados. Não, são os amigos dos que estão lá fora, incansáveis, loucos, vibrantes, a gritar por eles. O que torna tudo isto quase profético, lindo. Não sei se haverá muitos exemplos destes por aí.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Releve-se ainda a carolice e a pro-actividade dos mentores da Instituição, sempre a diligenciar a arranjar novos cânticos e bandeiras e faixas e agora cachecóis. Alguns fazem quilómetros para marcar presença, abdicam de muita coisa, enfim, digna de registo esta entrega. E, já agora, os cachecóis estão o máximo. Parabéns.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Ultras”, na nossa terra, já se tinha metamorfoseado em muito mais do que uma simples palavra ou termo. “Ultras” atingiu, já há algum tempo, um estatuto de conceito abrangente e metafísico, infinito, inesgotável, porque não. E é sabido que se utiliza ao desbarato: como quem cumprimenta, como quem se despede, como uma interpelação ou exclamação, etc. Talvez alguns nunca tivessem percebido o que é que teria levado a que uma simples palavra atingisse tamanha importância no léxico pontessorense. Agora, a história reescreve-se e entende-se, experiencia-se e vive-se este estado de alma. Alma Eléctrico, Alma Ultra. Ultras?! </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/xk5j2w83aCA?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-23603842173799771752012-04-19T23:44:00.000+01:002012-04-19T23:44:40.559+01:00Incerteza<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A incerteza no futuro lateja entre os pares. Os lamentos gritados amalgamam-se com as alvitradas soluções, teorias, políticas, filosofias , ideologias, conjecturas, hipóteses, devaneios, às vezes, numa dança obscura, sem música, sem fim, sem luz ao fundo. Inundados por tudo isto, à procura do alheamento a tudo isto, seguimos formigas no carreiro. Seguimos, hipnotizadas, a bater com a cabeça nas que vêm no sentido contrário, sempre na mesma direcção. Interrogações sobre a segurança de outrora que agora já não é nem será, sobre a hipótese do abismo, do salto para fora do tal carreiro, sobre possíveis consequências de actos, atitudes, decisões que, aos olhos de uns tresloucadas, de outros, corajosas. A passagem, consensualmente efémera, tem de ser isto? O carreiro é o que nos resta?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/ThQK1EEwrBA?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<br /></div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-27668095462953749182012-03-16T16:57:00.002+00:002012-03-16T17:09:47.439+00:00Não abri os olhos (I, II, III, IV, V)<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">I</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Entraste no quarto a invadir o silêncio. Conseguia perceber que te movias, sabia exactamente onde estavas. Não abri os olhos. A minha respiração a mesma, como se ainda sonhasse tranquilamente. Na face um sorriso estúpido, as bochechas espalmadas na almofada, o cabelo com jeitos incorrigíveis e o mau hálito matinal, tudo boas razões para continuar a fingir que dormia. O cheiro que invadiu o quarto ao mesmo tempo que tu, denunciava um banho tomado e que possivelmente te passeavas nua, com o cabelo molhado, enquanto escolhias a roupa interior. Sentia uma frescura no ar que deslocavas e percebia exactamente quando te encontravas no meu campo de visão. Não abri os olhos. Ainda assim continuei a fingir um sono profundo, alheio a um espectáculo que, talvez por masoquismo, me privava de assistir. Não abri os olhos.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Apesar de ainda na cama, sentia-me fresco, vigoroso, capaz de num salto me levantar e mostrar-me fisicamente capaz, forte. Teria apenas de accionar o mecanismo, o meu cérebro processar a informação e num ápice: Ops! Não abri os olhos. Continuei imóvel, espalmado sobre e entre os lençóis, imiscuído no colchão, quase fundido com ambos. Saíste.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">II</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Continuei acordado. Não abri os olhos. Ouvi a porta fechar-se e aí sim, resolvi levantar-me. Contudo, o som longínquo da gaita de um Amola Tesouras impediu-me de saltar da cama, irrompeu como que a travar a ordem que já havia dado às pernas. Fiquei a ouvi-lo. Não abri os olhos. Imaginava o esvoaçar do cortinado, pois sentia a brisa fresca a invadir o quarto e a arrepiar-me, ao mesmo tempo que a melodia inconfundível me inebriava e transportava para mundos imaginários. Acontece-me. A rara melodia da gaita do Amola Tesouros parece que não é de cá. Aliás, o próprio Amola Tesouras encerra uma origem enigmática. Imagino-o numa manhã fria a sair de casa, uma casa baixinha, no campo, a porta envolta numa videira e um banco ao lado. A luz do dia ainda pouca, pega na bicicleta, gaita ao pescoço, presa por uma fita de cabedal, e vem por entre o nevoeiro e as luzes ainda acesas dos candeeiros velhos até à vila, sempre a descer pela estrada de pedras, porque mora num monte. Chega com a luz do dia, ninguém sabe o seu nome, não deve ter família. Toca pela primeira vez a gaita no silêncio da vila, emprestando-lhe uma banda sonora perfeita. Já sem o nevoeiro, sobre a calçada escura vai por aí fora. Ruas, ruelas e ninguém com uma tesoura para amolar. Nunca vi um Amola Tesouras a amolar uma tesoura. Não sei se já vi um Amola Tesouras. O som da gaita sim: “Tiruriruriiii… Tiruriruri…” Ouve-se de quando em vez, de vez em quando, não sei quando. Nunca se está à espera quando se ouve aquele som. Ninguém deve saber quando vem. O som mais próximo, mais nítido, não oiço mais nada a não ser a gaita do Amola Tesouras, aqueles tubos paralelos, do maior para o mais pequeno, do grave para o agudo, do agudo para o grave. Não abri os olhos.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Será que dormitei? Ainda ouvia o som, ao fundo, quase que o vi a ser levado pelo vento, em tons amarelo-torrado, o som. Não abri os olhos. Estava acordado, devia levantar-me. Que horas seriam? “Que dia é hoje?” Perguntei-me sem querer saber a resposta. O quarto menos fresco, o sol já devia projectar-se no pavimento a imitar madeira. Continuava deitado, o corpo imóvel, esparramado, mas a mente em devaneios, a absorver. Não abri os olhos. </span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">“Chega! Vou levantar-me”. Mas primeiro abro os olhos. O que verei quando os abrir? Lençóis, pedaço de cama, tapete, parede branca, chão… Hei! Hum! Que cheiro é este? Peixe a assar, há um peixe numa grelha a libertar aromas que enchem bocas de água. Lambi o lábio superior, parece que assim passei a sentir melhor o cheiro, ainda suave, que agora entrava pelo quarto. Não abri os olhos. Vi o peixe na grelha, escalado. Pedras de sal em cima. Depois vi-o no barco, acabado de pescar, a saltar ainda, reflectindo luz reflectida pela lua das cinco da manhã. A luva do pescador, de borracha, a envolvê-lo, a atirá-lo para junto dos seus pares, companheiros de cardume, agora agonizando, aos saltos, encandeados pela luz do barco, amarela, sem perceberem nada. Vi-o momentos antes da rede o içar para um mundo que não o seu, no indigo daquele mar, quase estuário ainda. Vi-o, com a voracidade que só ele parecia ter, a engolir de uma vez um mais pequeno, distraído, assustado com o aproximar de um vulto enorme à superfície. O vislumbre da ponta do cigarro do pescador, assomado na proa, não o demoveu de perpetrar aquela que seria a sua última caçada. Não abri os olhos.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Percebi que tinha fome, devia ir comer. Levantar-me e ir comer era o que devia fazer. Dizia-me o corpo, algo cansado de lutar contra mim, que continuava ali, espalhado pela cama. O quarto quente já, o dia a meio e eu: os olhos fechados. Não abri os olhos.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">III</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">E se, por via da total inactividade e consequente poupança de energia, conseguisse ignorar completamente a fome? Não abri os olhos. Concentrei-me no estômago, que existia empurrado contra o colchão, entre eles o lençol, a pele e demais tecidos. Imaginei-o vazio e eu lá dentro, pequeno. Estava escuro. Equilibrava-me na parede húmida, cavernosa, irregular, vermelha viva, viva. A superfície escorregadia e lá no fundo uma pequena poça de líquido esverdeado a emanar vapores ácidos. O cheiro: impossível. A poça cada vez mais pequena, como o fundo de uma banheira entupida cujo ralo deixa passar a água muito devagar. Formava-se uma bolha de ar no centro e, quando rebentava, sumia-se mais um pouco do líquido pelo orifício. Nesse instante um barulho enorme e salpicos pelas paredes. Não abri os olhos. Percebi os ruídos que o meu estômago produzia, mas decidi ignorá-los.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">O quarto quente, a fome, a cama, eu e o quarto. Levitei e saí do meu corpo, não abri os olhos. Abandonei-me, subi até ao tecto, sentei-me no candeeiro e fiquei a observar-me. Os olhos fechados, costas nuas, lençol pelas pernas, a cara esborrachada contra a almofada. “O que fazes aí?” – perguntei. “Daqui vejo crianças lá fora, uma bola a saltar à frente delas e gritos. Jogam à bola.” Sim, de facto distinguia os sons da futebolada que acontecia não muito longe da minha janela. De repente era eu a bola. Não abri os olhos.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">IV</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Era pontapeado de todas as formas possíveis. O jogo era uma anarquia completa, as crianças disputavam-me como se do septo mais sagrado se tratasse. Levantava voo e sem cair no chão era de novo pontapeado. Apesar de tudo eram suaves, os impactos de que ia sendo alvo, mesmo quando me despenhava no chão e saltitava e rodopiava à espera de outro pontapé, não sentia senão suaves embates. Parece que tudo se passava a uma velocidade muito menor do que a real. As crianças tentavam jogar o mais rapidamente possível, como tem de ser, mas a minha percepção era de que tudo acontecia lentamente. A distância a percorrer entre o pontapé vitorioso e a baliza improvisada na porta da garagem demorava tempo suficiente para ir apreciando a paisagem. As obras, a roupa estendida, a vizinha à janela a sacudir a toalha do almoço, o vizinho a passear o cão irritante. Não abri os olhos.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Do candeeiro, via-me inactivo, quase que conseguia ouvir o meu cérebro a ordenar-me que me levantasse. Os barulhos do estômago: desistiram de mim. Mergulhei-me. Não abri os olhos. Continuei a respirar para cima da almofada húmida de baba. Sentia o cabelo despenteado, a barba espetava-se no lençol. O quarto cada vez mais quente, a fome, a cama e eu e o quarto. Apurei todos os sentidos na tentativa de absorver algo que me levasse noutro devaneio. Divertia-me o exercício. Saia de mim, mas ali continuava. Não abri os olhos.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">V</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Imaginei o cortinado a esvoaçar, quase que o senti a tocar-me na perna quando uma brisa, já mais fresca, entrou suavemente pelo quarto. Não abri os olhos. Arrepiei-me. Concentrei-me no arrepio. O arrepio tem qualquer coisa de metafísico, é difícil explicar, com certeza há estudos sobre o fenómeno, teorias, fábulas ou crenças, mas aquele tremor, o eriçar dos pelos dos braços, o friozinho a percorrer o corpo são sempre sensações que nos abstraem do resto. Sente-se um arrepio e não se pode ser indiferente a ele, é isto. E é bom, quase sempre. E depois podíamos debruçar-nos sobre as causas, que podem ser as mais variadas e, mais interessante, podem ter origem puramente física – arrepio de frio – ou simplesmente mental – ouvir aquela música, naquele momento. Arrepiando caminho (sei que foi fácil, mas tinha de ser…): já disse que estava na cama, imóvel, em viagens mentais, a lutar contra o cérebro que queria que me levantasse e fosse comer, enfim, estamos nisto e vem o arrepio. Eriçam-se-me os pelos dos braços e vão pelas fibras dos lenços, colchão e são raízes de árvore à procura de água em solo estéril, seco. Sou uma árvore do deserto, uma daquelas famosas Joshua Tree, com uns mil anos de vida, a ver passar coiotes, cascavéis e à noite as borboletas, o céu com estrelas diferentes, já as devo ter contado todas. Um vez vi um homem e, no minuto seguinte, passavam comboios mesmo perto de mim. Já não passam, a linha foi engolida por areia e ervas sempre secas. Um dia destes, uma dessas ventanias vai-me arrancar e cairei e a areia engole-me também, enquanto isso vou dormindo sob o sol abrasador à espera da estação húmida. Aí, as minhas raízes absorverão até a menor das gotículas de água e floresço durante uns dias. Estou dormente, à espera da estação húmida, para florescer. Não abri os olhos.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">O sol já deve ir no seu sentido descendente, o quarto arrefece e eu em arrepios de frio, mas imóvel, sem abrir os olhos. Fome, frio, o corpo dormente, a experimentar a imobilidade. Comigo, com os desvarios, em testes, em desafios, sem objectivo, num vazio preenchido apenas por sensações entre o palpável e o nem por isso. Oiço a televisão de uma casa qualquer perto e tento não lhe prestar atenção, não vá reconhecer um qualquer genérico que me situe temporalmente. Não quero saber as horas. Não abri os olhos. De quando em vez, um carro passa na rua e agora uma sirene ao longe, na estrada nacional. Em estridentes variações de frequência sonora e flashes azuis. Oiço-a só a ela agora, ensurdecedora, os flashes azuis passam-me mesmo em frente aos olhos e quase me cegam. Não os abri, os olhos. Sou a garrafa de soro pendurada, aos solavancos, ao sabor das curvas e lombas da estrada. Lá em baixo, numa imagem meio turva, distingo alguém em volta da marquesa, movimentos rápidos, urgentes. Uma travagem brusca e precipito-me no chão da ambulância. Rebolo sem parar e quase perco o líquido, para um lado, para o outro, não oiço nem vejo mais nada, só luzes rápidas e difusas. Nisto, uma mão forte levantou-me e apertou-me, pude ver-lhe os olhos a inspeccionarem-me. ”Safou-se por pouco.” Não abri os olhos.</span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Já deve ser quase noite. A porta a abrir-se, oiço-a e estremeço, mas só por dentro. Não abri os olhos. Entras no quarto a invadir o silêncio, trazes calor contigo ao quarto frio e adivinho-te a aproximares-te da cama, debruças-te sobre mim, encostas quase o teu rosto ao meu, os cabelos sinto-os nas minhas costas frias, o arrepio. E dizes a sussurrar: “Abre os olhos!”. </span></p>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-42851175476769222252012-01-27T09:27:00.005+00:002012-01-27T09:33:44.423+00:00Um orgulho muito meu<img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 267px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5702241994902267954" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi3Mxq7F5wAEpLKZmTDUZSsn9w-9fvJpZ2bOM_FeljTHSuEWHzXA2_5NwQu89dmhb-6RSWGJngB5vu_bzSCVE-u_P5GnberMfPuHojMKf3HIEbH2AP3QtTfjzfb6W1zZKsjUoflQ/s400/slb3.jpg" /><br /><br /><p style="MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><a href="http://www.ontemvi-tenoestadiodaluz.blogspot.com/2012/01/um-orgulho-muito-meu.html"><span style="font-family:Calibri;font-size:130%;"></span><strong><span style="color:#ff0000;">http://www.ontemvi-tenoestadiodaluz.blogspot.com/2012/01/um-orgulho-muito-meu.html</span></strong></span></a></p><br /><p style="MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal" align="right">Foto de Rafael Martins</p>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-85696988203615204572011-12-20T18:42:00.004+00:002011-12-20T21:56:03.118+00:00Somos a primeira pessoa do plural<p style="LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0cm 0pt; BACKGROUND: black" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:'Times New Roman';"><span style="color:#ffffff;">"Estamos tão perto uns dos outros. Somos contemporâneos, podemos juntar-nos na mesma frase, conjugarmo-nos no mesmo verbo e, no entanto, carregamos um invisível que nos afasta. Ouvimos os vizinhos de cima a arrastarem cadeiras, a atravessarem o corredor com sapatos de salto alto, a sua roupa molhada pinga sobre a nossa roupa a secar; ouvimos a voz dos vizinhos de baixo, dão gargalhadas, a nossa roupa molhada pinga sobre a roupa deles a secar; cheiramos as torradas dos vizinhos do lado, ouvimo-los a chamar o elevador e, no entanto, o nosso maior problema não é apenas não nos reconhecermos na rua. O nosso problema grande é estarmos convencidos que os problemas deles não nos dizem respeito. A nossa tragédia é acharmos que não temos nada a ver com isso.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></span></p><br /><br /><p style="LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0cm 0pt; BACKGROUND: black" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:'Times New Roman';"><span style="color:#ffffff;">Há três ou quatro anos, caminhava com um conhecido no aeroporto. De repente, ouviu-se um estalido. Ele agarrou-se ao peito com as duas mãos, caiu de joelhos e, pálido, esperou por morrer. Não morreu. Tinha-lhe rebentado um isqueiro no bolso da camisa. Aliviado, encostado a um balcão, a beber um copo de água, explicou que esse ardor repentino e esse susto pareceram-lhe um ataque cardíaco. Nunca tinha tido um ataque cardíaco antes, por isso confiou em descrições vagas, a que nunca tinha realmente prestado muita atenção. <o:p></o:p></span></span></p><br /><br /><p style="LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0cm 0pt; BACKGROUND: black" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:'Times New Roman';"><span style="color:#ffffff;">Há alguns anos também, talvez um pouco mais do que três ou quatro, tinha acabado de participar num jantar cordial, reconfortante. Toda a gente estava bem disposta, à porta dos anfitriões, longa despedida, graças, à espera de táxi. De repente, tocou o telefone de um senhor com quem tinha estado a conversar durante todo o serão. Ninguém reparou nesse telefonema até ao momento em que o senhor começou a chorar convulsivamente. Ficámos todos a olhar sem saber como chegar até ele. Tínhamos braços, estendíamo-los na sua direcção, mas continuavam distantes.<o:p></o:p></span></span></p><br /><br /><p style="LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0cm 0pt; BACKGROUND: black" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:'Times New Roman';"><span style="color:#ffffff;">Irritamo-nos com a existência uns dos outros. Fazemos sinais de luzes àquele homem com setenta anos, num carro dos anos setenta, que anda a setenta quilómetros por hora na auto-estrada. Contrariados, esperamos por aquela pessoa que atravessa a passadeira, enchemos as bochechas de ar e sopramos. Impacientes, batemos no volante. Daí a minutos, depois de estacionarmos o carro, somos essa pessoa a atravessar a passadeira. Da mesma maneira, daqui a algum tempo, não muito, seremos esse homem com setenta, dos setenta, a setenta. O tempo passa. Se deitarmos lixo para o chão, alguém o apanhará.<o:p></o:p></span></span></p><br /><br /><p style="LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0cm 0pt; BACKGROUND: black" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:'Times New Roman';"><span style="color:#ffffff;">Um amigo que teve um AVC, que passou por uma reabilitação profunda, que enfrentou a morte e a paralisia, depois de anos de fisioterapia, depois de esforço gigante e sofrimento gigante, falou-me da forma como esse susto muda tudo. Passa-se a apreciar aquilo que realmente importa. A imensa maioria das preocupações transformam-se em luxos ridículos, desprezíveis, alimentados pela cegueira. Após essa experiência de quase morte, ganha-se uma nitidez invulgar, que, no entanto, esteve sempre lá. Para percebê-la, bastava levar a sério a promessa de transitoriedade de tudo e, também, levar a sério essa palavra, esse planeta: o amor. Ao ouvi-lo, fui capaz de entender aquilo que dizia. Depois, também fui capaz de entender quando me disse: mas, sabes, ao fim de algum tempo, esquecemo-nos, voltamos a tomar tudo por garantido e voltamos a cometer os mesmos erros.<o:p></o:p></span></span></p><br /><br /><p style="LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0cm 0pt; BACKGROUND: black" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:'Times New Roman';color:#ffffff;">Repito para mim próprio: estamos tão perto uns dos outros. Não há nenhum motivo para acreditarmos que ganhamos se os outros perderem. Os outros não são outros porque levam muito daquilo que nos pertence e que só pode existir sendo levado por eles. Eles definem-nos tanto quanto nós os definimos a eles. Eles são nós. Eles somos nós. Se tivermos essa consciência, podemos usar todo o seu tamanho. Mesmo que pudéssemos existir sozinhos, de olhos fechados, com os ouvidos tapados, seríamos já bastante grandes, mas existe algo muito maior do que nós. Fazemos parte dessa imensidão. Somos essa imensidão que, vista daqui, parece infinita. "</span><span style="font-family:'Times New Roman';"><span style="color:#ffffff;"><br /></span></p><br /><br /><p style="LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0cm 0pt; BACKGROUND: black" class="MsoNormal" align="right"><o:p><span style="color:#ffffff;">José Luis Peixoto, in Revista Visão (Dezembro 2011)</span></o:p></span></p>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-61507878829337445442011-11-26T03:15:00.002+00:002011-11-26T03:20:58.018+00:00Maria,<p style="MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:Calibri;">Quando soube que aí vinhas fiquei muito feliz. A tua mãe, brilharam-lhe os olhos como em poucas ocasiões… Vou guardar o sorriso dela, deitada na marquesa, a doutora com o aparelhómetro em cima da barriga e umas imagens difusas num ecrã à nossa frente. A doutora cheia de certezas: “É uma menina! Se não for, pago o enxoval” A tua mãe a olhar para mim, os olhos dela a brilhar - já tinha dito que brilhavam? - a procurarem os meus e o sorriso. O sorriso… Linda a tua mãe a sorrir assim. Tu também serás, linda!</span></p><br /><p style="MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:Calibri;">Retribui o sorriso, emocionado e fiquei a ver a médica a escrever: M-E-N-I-N-A, enquanto me passava tanta coisa pela cabeça… Toda a gente dizia que ias ser um menino. Teorias, teorias e todas pareciam apontar no mesmo sentido: menino! Mas sabes?! Só tínhamos nome para menina. Há muito que tinhas nome, sabias? Tu ainda uma suposição, um ténue esboço, uma longínqua hipótese e já tinhas nome. “Se tiver uma filha há-de ser Maria.” Depois a tua mãe e eu e: “Se tivermos uma filha: Maria.”</span></p><br /><p style="MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:Calibri;">Enfim, depois lembrei-me da tua avó… Sabes que és Maria por causa dela? Não a vais conhecer, mas vou-te falar dela e vais ver: orgulho. Ia ficar tão contente a tua avó… Vais ter o sorriso dela e da tua mãe.</span></p><br /><p style="MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal" align="justify"><span style="font-family:Calibri;">Tão feliz, a tua avó, tão feliz. E o sorriso da tua mãe, os olhos a brilhar e eu: “Maria!”</span></p>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-14850330329793539442011-04-03T23:40:00.003+01:002011-04-03T23:48:04.859+01:00A árvore que cresceu comigo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKocVMLuCekj986IUslWDDr3-db-osPvByXQde5Q7VHMGhybqR230AMPXz8fqTcN0XeT6oTvqzKJYTqIpMpR4JMcz7Tn2eVO-OxfKVVbo7sKL3tj52pnkV6xR14TGkbawxRo6wFA/s1600/14032009.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5591491430502095426" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 240px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKocVMLuCekj986IUslWDDr3-db-osPvByXQde5Q7VHMGhybqR230AMPXz8fqTcN0XeT6oTvqzKJYTqIpMpR4JMcz7Tn2eVO-OxfKVVbo7sKL3tj52pnkV6xR14TGkbawxRo6wFA/s320/14032009.jpg" border="0" /></a> <br /><div align="justify">Na esquina das casas de madeira, do bairro pré-fabricado que substituiu as barracas, havia uma pequena árvore. A época de que falo parece agora longínqua, separam-nos do presente, no meu caso cerca de um metro, no caso dela uns dez ou doze. O espaço e o tempo confundem-se um pouco quando ali regresso, seja fisicamente, nos confusos sonhos em que sou pequeno, ou numa reconstituição mental de um golo marcado, por entre estendais de roupa a cheirar a sabão macaco e cardos afiados.</div><br /><div align="justify">As brincadeiras eram sazonais, sem que um plano anual fosse traçado à partida, o interesse pelo berlinde aparecia quando o desinteresse pelo pião se acentuava. E assim aconteciam, independentemente da modalidade, as tardes inteiras de dedicação à mesma. O aperfeiçoamento das técnicas era notório, no final de cada dia éramos mais experientes: a pontaria melhorava, no caso da utilização da fisga, por exemplo.</div><br /><div align="justify">O desenho da pista para as bicicletas, perto do monte abandonado, era orgânico e mutável e os montinhos de terra que permitiam o descolar das rodas do chão, eram tanto mais altos quanto mais tempo nos perdíamos por ali e, consequentemente, a técnica se ia apurando. Claro que uma queda mais aparatosa e/ou o comprometimento da bicicleta – que claramente não era desenhada para o efeito - podia significar um abrupto término da época. Rapidamente a ocupação era substituída por uma jogatana de bola. Sim, o futebol, latejava sempre naqueles terrenos e a decisão de iniciar uma partida podia partir a qualquer instante, sem complicações, sem horários marcados, necessidade de adequação do vestuário ou calçado. O impedimento maior era muitas vezes a falta da personagem principal. A bola. Muitas vezes fui o proprietário do esférico e fazia depender de mim a felicidade de uns quantos meus pares. Isso deixava-me contente! Quando tinha uma bola nova ansiava pô-la a rolar por ali. Nunca duravam muito tempo, a fraca qualidade do material também ajudava. Mas era sobretudo devido a uma utilização agressiva, em todos os cenários possíveis, que rapidamente se começavam a descolar peças geométricas de couro sintético. Depressa se tornavam todas cinzentas e daí até se começar a vislumbrar a câmara-de-ar de borracha por entre os pontos rebentados, eram dois ou três pontapés mais inflamados.</div><br /><div align="justify">Eram tempos de liberdade total. É difícil hoje perceber como se podia ser tão imensamente feliz com aquela realidade apenas, sem planos maiores do que o instante seguinte. A verdade é que agora não se atingem, por mais que estejamos num bom período existencial (que tarólogo é que me possuiu o espírito?), momentos de descompressão, despreocupação, enfim, leveza, como os que ali experienciava.</div><br /><div align="justify">“Anda lanchar filho” A minha avó à porta. Sem luto, desempenada, com força, a sorrir às vezes. Já não sorri há tanto tempo. Duvido que mais alguma vez o faça. A minha avó um pilar, a parede mestra. Depois um sismo, danos irreparáveis, anos a aguentar o que não podia e a cedência, o colapso. Antes avó e mãe e avô e pai, agora toda a tristeza do mundo nela. Um abismo feito gente, um farrapo, nas suas palavras. Como tudo muda. Merecia em vez de um parágrafo, um livro, mas só me saem estes arranques…É difícil.</div><br /><div align="justify">Da porta da casa da minha avó via-se apenas a ponta da pequena árvore, por detrás do muro. Hoje já não há muro, as casas pré-fabricadas deram lugar a moradias e a pequena árvore é um belo exemplar da sua espécie (- espaço para o nome em latim que nunca vou saber -). Também eu sou outro, vejo as coisas mais de cima, como ela. Como ela vê uma cidade diferente a cada centímetro que cresce, também eu vejo um mundo diferente sem que cresça mais. A árvore e eu fomos crescendo como pudemos.</div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-30101215968631925572010-12-23T13:57:00.001+00:002010-12-23T14:02:09.535+00:00Mão Morta<div align="justify">Avistei uma mão pela porta entreaberta, no chão. Mexiam-se os dedos. Dou mais um passo encantado por uma estranha serenidade e absorvo, incauto, uma imagem horrorosa. Uma mão separada de um corpo dilacerado, mas os dedos mexiam-se. Recuo e fico a decidir se quero voltar a observar o macabro cenário. Continuava incrivelmente sereno, apesar da experiência aterradora que vivia. Havia pouca claridade, as imagens formava-se turvas, como que desfocadas, não distinguia sons dignos de nota ou, mais estranho ainda, sentia qualquer cheiro. Foi com uma leviandade assinalável que voltei à porta entreaberta e pude demorar-me a observar o dantesco panorama.<br />Uma parca claridade entrava pela grossa porta de madeira, projectando no chão uma linha oblíqua ao compartimento, uma fronteira entre o visível e a obscuridade total. Adiei a observação do corpo que sabia ali jazer e percorri a restante divisão. O chão era de madeira enegrecida, diria podre, em ripas largas muito gastas, das quais se desprendiam lascas afiadas. O ambiente ia ficando cada vez mais pesado, como se a luz se transformasse a cada absorção, a cada novo elemento que ainda assim ia distinguindo. Tendia para um rubor muito escuro, passando primeiro por uns alaranjados, sépias e outras tonalidades impossíveis de catalogar. Seriam os meus olhos? Seria esta uma estranha reacção do pânico, da estupefacção, da incredibilidade, no mínimo, que devia estar a sentir?<br />No centro, uma cadeira também de madeira, num estilo rústico, tosco, com braços curvos nos quais estavam pendurados restos de cordas velhas. Adivinhava-se o propósito que tinham servido. Enquanto olhava a cadeira, de soslaio conseguia distinguir a mão, que continuava a mexer-se animada por forças inexplicáveis. Quando finalmente a fitei em exclusivo, pude perceber que as palpitações intra-cutâneas eram motivadas por larvas que saíam e entravam cegas, por uma chaga aberta entre o polegar e o indicador. Eram larvas enormes, de proporções extra-mundanas, locomoviam-se de forma rápida e mecânica. Continuei estupidamente sereno. Esperava sentir um cheiro nauseabundo, fétido. A putrefacção era evidente, uma gosma esverdeada surgia aqui e ali, empoçada pelo chão. No entanto, continuava sem sentir cheiro algum, continuava sem nada escutar. <br /> Tentei observar o corpo desfeito, envolto em farrapos que se confundiam com a própria epiderme, mas estava posicionado num plano onde a escassa luminosidade mal chegava. Por mais que tentasse focá-lo, a ambiência era cada vez menos clara. Todo o compartimento estava agora envolto numa vermelhidão quase negra. Confuso, voltei à mão e… Já não estava lá! Apenas gordas larvas, maiores ainda, agora quase imóveis. De todo o quadro, agora só conseguia distinguir lustrosas larvas brancas, estiradas no pavimento de madeira húmido, tão gordas que parecia que podiam rebentar a qualquer momento.<br />Subitamente um som. Primeiro parecia longínquo, mas rapidamente tomou conta de todo o cenário, varrendo-o abruptamente. Afastei o cobertor, estiquei a mão e alcancei o telemóvel. Desliguei o alarme.<br />Já no banho voltei ao sonho mórbido que o meu subconsciente se escusou a filtrar. “Tudo isto em sete minutos!?” A duração de um rigoroso snooze que programara na véspera. </div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-35368547215787498022010-12-20T19:16:00.003+00:002010-12-20T19:20:11.346+00:00Cinzentos de céu<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_x8GFBNzuEhBBK5jy2pEUy1sZ3opPWHMMAqdBhDj4oSwAZMrdV9hEo5gAKvm-bYZ0moMWi0lNUFpWwNxrnhQA4-HkpbHexXCOwlM4S8RKAzd6Zl8_0ppYpfuaK68EMOHOxvlk1w/s1600/ceu%2520muito%2520nublado.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5552846153610794258" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_x8GFBNzuEhBBK5jy2pEUy1sZ3opPWHMMAqdBhDj4oSwAZMrdV9hEo5gAKvm-bYZ0moMWi0lNUFpWwNxrnhQA4-HkpbHexXCOwlM4S8RKAzd6Zl8_0ppYpfuaK68EMOHOxvlk1w/s320/ceu%252520muito%252520nublado.jpg" border="0" /></a><br /><div>Cinzentos de céu<br />Em mim só cinzentos, muitos<br />Diferentes mas feios, todos<br />Cinzentos esbranquiçados, sujos<br />Feios, sem nada senão ausência<br />E despido de vestido turvo<br />Sem nada senão tremores<br />Do frio do cinzento do…<br />Ah (cortante, sonoro)<br />Quem me dera a cor?!<br />Ausência da ausência<br />A cor<br />Pulsa em mim<br />Sem entender porquê<br />Ânsia contínua<br />Tremores do frio, do…<br />Cinzento em mim!<br />Não (suspirado entre dentes)<br />Afinal:<br />Ama-se o cinzento em mim<br />Cinzentos de céu<br />Diferentes mas feios, todos<br />Brancos acinzentados<br />Pretos aclarados, sujos<br />Feios, sem nada senão ausência</div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-88844136483398900512010-11-15T00:30:00.002+00:002010-11-15T00:33:58.034+00:00Não abri os olhos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFDtlsgM2XAYT95LQ5ZmAut4F31oN-QpChixoBwhvbexP7aDOcrjRgfnyReURef52Ow86sg25vJKYHW70QRjB09gZizQwwIqSvDBaUkmt4rLksKEgeLy_d29XULz15ouN1SV1t1g/s1600/IMGP7483.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5539567844488858306" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFDtlsgM2XAYT95LQ5ZmAut4F31oN-QpChixoBwhvbexP7aDOcrjRgfnyReURef52Ow86sg25vJKYHW70QRjB09gZizQwwIqSvDBaUkmt4rLksKEgeLy_d29XULz15ouN1SV1t1g/s320/IMGP7483.JPG" border="0" /></a><br /><div align="justify">Entraste no quarto a invadir o silêncio. Conseguia perceber que te movias, sabia exactamente onde estavas. Não abri os olhos. A minha respiração a mesma, como se ainda sonhasse tranquilamente. Na face um sorriso estúpido, as bochechas espalmadas na almofada, o cabelo com jeitos incorrigíveis e o mau hálito matinal, tudo boas razões para continuar a fingir que dormia. O cheiro que invadiu o quarto ao mesmo tempo que tu, denunciava um banho tomado e que possivelmente te passeavas nua, com o cabelo molhado, enquanto escolhias a roupa interior. Sentia uma frescura no ar que deslocavas e percebia exactamente quando te encontravas no meu campo de visão. Não abri os olhos. Ainda assim continuei a fingir um sono profundo, alheio a um espectáculo que, talvez por masoquismo, me privava de assistir. Não abri os olhos.<br />Apesar de ainda na cama, sentia-me fresco, vigoroso, capaz de num salto me levantar e mostrar-me fisicamente capaz, forte. Teria apenas de accionar o mecanismo, o meu cérebro processar a informação e num ápice: Ops! Não abri os olhos. Continuei imóvel, espalmado sobre e entre os lençóis, imiscuído no colchão, quase fundido com ambos. Saíste.<br />Continuei acordado. Não abri os olhos. </div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-1024264585461313862010-10-28T19:45:00.002+01:002010-10-28T19:53:36.050+01:00Origem: Portugal.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitsX63nmx-EJ8Zgyl5CTQSXCijrlUrpO7O-JX2eUVCudfth1lC592f3DKNm5cVvutozXFW3wbczvBb8g5KEQHeII2SrxKpe56yUaqk-7Rh_nNB1hVAr1l35_oOMIzQZHzkP1RvLA/s1600/comprar-portugues.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5533170438543202066" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 230px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitsX63nmx-EJ8Zgyl5CTQSXCijrlUrpO7O-JX2eUVCudfth1lC592f3DKNm5cVvutozXFW3wbczvBb8g5KEQHeII2SrxKpe56yUaqk-7Rh_nNB1hVAr1l35_oOMIzQZHzkP1RvLA/s320/comprar-portugues.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">“Levo destas que são nossas.”E agarro no saquinho já preparado, com um kilo certo. São pequeninas mas parecem-me boas, rijinhas. Na fila para a caixa, vou decidindo que pastilhas adicionar à lista de compras. Sim, porque é quase impossível não engrossar a conta com um ou dois pacotes de pastilhas. Parece que se precipitam para dentro do cesto, ou para cima do tapete rolante: ”Jeronimoooo”!<br />Atento então nas maçãs dentro do cesto, mesmo ao lado do pack de mini Sagres (escolha essa indubitável). Porque decidi escolhê-las? Porque funcionou tão bem comigo o apelo à compra do que é português? As do lado eram bem maiores e mais brilhantes. O preço não sei, nem destas. “Quanto custaram mesmo? Epah, não, parece-me razoável..” Mas também já não fui ver quanto custavam as peruanas, as espanholas ou as francesas. Mesmo que fossem um pouco mais baratas traria sempre as nossas. Porquê?<br />Fui formulando teorias enquanto atirava para o cesto as pastilhas com sabor a melancia-ao-pôr-do-sol....</div><div align="justify">Deve ser da crise. A crise tem explicado 90% dos nossos dilemas ultimamente, era mais um para o saco (ou cesto, neste caso). Como as coisas estão mal por cá e os economistas da segunda-feira à noite dizem que temos que fomentar a produção nacional… Talvez inconscientemente o banho de crise me tenha levado a esse arbítrio. Hmmm, não! Só por isso não…<br />Talvez tenham sido resquícios de patriotismo. Desde o tempo em que selecção portuguesa jogava bem e púnhamos bandeiras à janela ou cantávamos o hino a chorar: “Heróis do mar…” Evocávamos conquistas dos egrégios avós, a lutar contra tudo, por cima de tudo, contra os canhões na terra e no mar… Eh lá, fui longe demais. Às vezes tenho que pôr travão… Não, também não foi isso. Ou não foi só isso…<br />Há umas publicidades tipo: “comprar o que é nosso” e “o que é nacional é bom” e outras que tais. Também me podem ter influenciado. Tipo surgir um mecanismo qualquer no meu inconsciente sempre que me deparo com uma possibilidade de escolha destas, despoletado por uma espécie de hipnotismo gráfico, subliminar e que o meu consciente não filtra, influenciando-me subtilmente na escolha. Hã? Epah, tenho de parar com isto…<br />Espera, há a questão da confiança, por exemplo: as nossas maçãs devem ter menos curas maléficas e conservantes injectáveis. Cá não usamos dessas coisas, pois não?! Devem ter vindo de uma quintinha cuja produção foi pouco mais do que aqueles 10 sacos de 1 kilo e usaram sempre fertilizantes naturais como a bosta de vaca e de cavalo e esterco de porco e de galinha e as lagartas eram afastadas pelos tratadores de forma delicada e as moscas comiam os insectos maus e as minhocas ajudavam na combustão e… Ok, já chega!<br />Acho que foi por acaso! E por causa das merdas, hoje não levo pastilhas…</div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-87892846490947423632010-09-17T17:06:00.001+01:002010-09-17T17:11:25.464+01:00Gatos no ninho e uma colher de prata<div align="justify">Saio sem me ver ao espelho, duas voltas ao trinco, toque no botão de chamada. Por cima “Otis”. A cabine abre-se e apareço-me pela primeira vez hoje. “Esta barba já não é nada” penso enquanto vou reparando no pó que os meus ténis carregam. Lá em baixo o mundo, a ponte, o sol (ou a chuva), mas sol. Os dois piscas e posso abrir a porta. Óculos de sol. Depressa antes que me transforme em pó. O iogurte que trazia na mão em cima do banco, o computador também. O caminho faz-se entre golos e vermelhos de semáforo, no meio do rebanho urbano, do fluído de chapas coloridas. O som do rádio, regulo-o vezes sem conta, parece que nunca debita o decibel certo. Agora está alto, agora está baixo. É o trânsito? É. Então interessa-me. Não se passa nada sem ser o habitual, diz o aborrecido radialista. Tem razão. O habitual é o que se vai passando sempre, todos os dias… Perco-me em mais um ou dois pensamentos daqueles possíveis vinte minutos depois de acordar. Dada a fraca disponibilidade cerebral entro absorto no estaleiro, olhar no infinito. Distingo o porteiro desfocado a levantar-me a mão, levanto a minha mecanicamente em resposta à matinal saudação. Já cá estou, acordo. Computador no ombro, contentor, calçar botas. Lá fora o mundo, o meu mundo. Aquele a quem mais tempo dedico, a obra. Vou ver o que se passa, quem cá está, quem não está e devia ter vindo, depois e-mails, relatórios, mapas, controlos, planeamentos, obra. Que horas são? 19:30? Vou-me embora pah… Descalçar botas, sacudir as calças, computador no ombro. O porteiro já é outro. “Té manhã.” Semáforos e no rádio aquele programa. Às vezes fico na conversa deles, outras vezes mudo para onde passam música. Hoje vou a casa, à minha. Ponte, estrada, camiões de tomate, milhos e arrozes, vale e mais vale, ponte e Ponte. Saio do carro a respirar fundo. Computador no ombro, subir escadas. Já cheira a comida, será do vizinho? O que é que disse que queria para jantar. Ah, é isso! Hmm, a minha boca um oásis. Abro a porta, cheira bem, e não é a comida, és tu. A minha fome outra de repente e eu todo um oásis. Hmm… Depois do jantar a loiça, um pouco de sofá e a cama, a nossa. O beijo de boa noite cerra o dia. Hoje vou dormir bem, penso enquanto me viro de barriga para baixo.</div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-8085929270643832242010-05-04T13:57:00.013+01:002010-05-04T14:30:49.580+01:00Fotos jantar do dia U<div align="justify">Passados quase dois meses, lá arranjei um tempinho para postar aqui mais umas fotos gentilmente enviadas pelo Rodney.<br /></div><br /><div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3ZOg19IxdY9nQfyRT3eg5wSsPHDPK6aVGHbtaA-qBZQ1mlkxoXlDbm90rJvIWo8PWLRfZ9V1Uxsq-cFlJ8QRI8gS9BADb7MhgEVLUc4TMYhBMfpyOFIIhu7Dbb-C2zjuYGP1V0A/s1600/042.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467400439401033906" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3ZOg19IxdY9nQfyRT3eg5wSsPHDPK6aVGHbtaA-qBZQ1mlkxoXlDbm90rJvIWo8PWLRfZ9V1Uxsq-cFlJ8QRI8gS9BADb7MhgEVLUc4TMYhBMfpyOFIIhu7Dbb-C2zjuYGP1V0A/s320/042.jpg" border="0" /></a><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467402452051276114" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2fFWEEGgSf-zWoQdAsl6BEXmDGw5Wunyf0tXKvGW4Tz_0lGx1hiPIhISIqZ6mFMgrFLV9GrylrWClndjEGGfgFR7_krRSXJz4cAO3QvNDVUk0Bk8ASsYSh20qgqRAuCkqde6ScA/s320/043.jpg" border="0" /><br />A bela da mini...<br /></div><br /><p align="center"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467402944699768002" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcV90hcpYRNfBASZJMvSt2cDFUIOH05h34OKntpaQ1rHGe_o-hEnwkhfQcEFXK3M1khfJ5QUFj3KiP6_doQffKmbG7l69Woteealq91SR6NHCmAhzy6yfE6XCh7wYscukLx8iCqg/s320/054.jpg" border="0" /></p><br /><p align="center"></p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467403342696116770" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg06IoE662thGaGSADmWWEE-ZRbOFD65NJAdCJB5FxOHjVNOns2Tmoc4qaGfxs3YQQNjUbxtiirV5To4A0MRXAAN00JKX8ZyKlvqhaqM9vrjawJ0TaM71l46m6YkVL1K0ubQWFOcw/s320/060.jpg" border="0" /> <p align="center">Companheiros, amigos, palhaços...<br /></p><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467404072934097442" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8QA6Hzf7yiqd3MhpZoBPWspjEG4UAuPSn3k7wyEzDR8YdAca8XmnHDYMf4AHrB-x325DukLA-s0noJlcC7CLMuDHDWLgSQToNwCAAfug0HVIBsuUso2DTFFvfroOV-Ol4YQ3kdw/s320/061.jpg" border="0" /> <img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467405154334186050" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqWUdpfvu-NSGVQ8cwfZbKyaYX3r9cL9JSBo8eAhGNRHwf9prLpS6_3D2DXGidP6mDpTrNPuM8wV5Bm3jM1iUKLHzIFDVIfE8ibqFFb2vjH7q26QsfIcRTJPr3Xi4YvblTdWc_Zw/s320/051.jpg" border="0" /><br /><p align="center">Garganêros </p><p align="center"> </p><div align="center"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467405494392967426" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-nMg-NXFEreEKNGadDvf42Y_7mNIUOHVKFK9HPiNtcQ6s6nYr_xfZtpi9LuDwn1TPAZctJeoYgAwnA-87hxipDCf3ajpoQhNd1MsuCp_DGsbTyezRZpYrkIko85OdUeQmmzkCfg/s320/059.jpg" border="0" />Malta do hip hop... </div><div align="center"><br /> </div>E pronto, a ver se pró ano há mais. Haja saúde! Ultras!rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-67873194553084334732010-03-26T18:05:00.002+00:002010-03-26T18:34:38.053+00:00Jantar do dia U<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8jKZ-lIl3THNskOb1MbdIgAa9CrAQp9k930qc_sHHWRiMOryqRNw_9iDcmZ3N3kjtKZC57nG40hpB_TXhffvgcl1TGyKxsjYTk6RiYagp9QjBN-n05P8clyzHBEdV7-cHfshUIQ/s1600/Img091.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5453006467394207522" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8jKZ-lIl3THNskOb1MbdIgAa9CrAQp9k930qc_sHHWRiMOryqRNw_9iDcmZ3N3kjtKZC57nG40hpB_TXhffvgcl1TGyKxsjYTk6RiYagp9QjBN-n05P8clyzHBEdV7-cHfshUIQ/s320/Img091.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Gostaria de ter mais fotografias desta efeméride fabulosa, da qual só consigo aproveitar esta aqui em cima. Como tal, solicito que me enviem por e-mail as que tiverem para que possamos ilustrar a festa.<br /><br />Sobre o jantar, queria só registar que foi batido o recorde de presenças com 16 Ultras (acho eu...). De resto, não há palavras que cheguem para descrever, vou deixar só algumas: companheirismo, Zé do caçador Príncipe, entusiasmo, gamba, alegria, percebe, inspiração, Sagres, exultação, sapateira, gáudio, ginja, parvoeira, João dos Calos, amizade, devoção, Espaço, tontaria, Primo Xico, loucura, Koppus, bebedeira, cama. Foram só algumas de enxurrada… Serão certamente infinitas, portanto quem fizer questão, aceitam-se sugestões.<br /><br />U?!<br /></div><p align="left"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt7N7yGxa2uP0MhiLi6dKBqDyikeRR6c2JtOsbe19iwnc-Re_a9o3rHQnRxJGfChXLOBZ2kCKr8R6raEfxsApBdJsnPpeKQXUaQ-2s_z4yO7SmTfNuazp9az00B3viSKDDzQ7tsg/s1600/Img091.jpg"></a></p>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-61366126830381773542010-03-11T18:58:00.002+00:002010-03-11T19:08:53.678+00:00Onze do três<div align="justify">Hoje é dia 11/03, é dia U. </div><div align="justify">Parabéns a nós por mais este aniversário!</div><div align="justify">Apelo à revisita do post sobre o jantar do ano passado:</div><div align="justify"> </div><div align="justify"><a href="http://rogerajacto.blogspot.com/2009/03/o-jantar-u.html">http://rogerajacto.blogspot.com/2009/03/o-jantar-u.html</a></div><div align="justify"> </div><div align="justify">Foi fantástico. Quem não se lembra da passagem pelo João dos Calos ou a mini no Zé do Caçador... "Tenho 53 anos, mas mando saltos pareço um macaco..." Enfim, há que seguir em frente. Sei que há movimentos no sentido da realização do jantar no dia 19/3, portanto aproveito este veículo para lançar o desafio a quem se sinta U para comparecer. Será, como de costume, no sítio do costume...</div><div align="justify"> </div><div align="justify">Ultras!?</div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-91054453720561681692010-02-18T18:19:00.002+00:002010-02-18T18:23:35.379+00:00Eu, só pensamos em nós…<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-NV30qaFDElm0R-49553aLoqp5oldnYeQOsAtESyWuKp8XSy_iCLdMly7LxSvYoPSXu4e613ObdklSTu4MmLrGwquGbbjw-laBBm_7oVE77n65L9-2GyXMBGQGp-NeLiCzJOsmg/s1600-h/07-09-19_04-06(01)..jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439650788147617922" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-NV30qaFDElm0R-49553aLoqp5oldnYeQOsAtESyWuKp8XSy_iCLdMly7LxSvYoPSXu4e613ObdklSTu4MmLrGwquGbbjw-laBBm_7oVE77n65L9-2GyXMBGQGp-NeLiCzJOsmg/s400/07-09-19_04-06(01)..jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBqZQfbz9r8dgTaKdNwm05PL2nvSpXO0KlRiDRcLTzCNyeoEEGO_Nqgc50b89Z0Dz1hmIrU1z0KAadkuPWrw5yy7lYGRo11xADQ0Li84BPIMpBK1EFv-2AlWotyrdfrtSk3NlF3g/s1600-h/07-09-19_04-06(01)..jpg"></a><br /><br /><div align="justify">Eu, deixa-me contar agora a minha história, a minha. Sim, já ouvi a tua, sim, registei aqui neste papelinho amarelo que colei com cuspo no móvel empoeirado da minha mente. Agora ouve lá, porque eu... Eu tenho que te dizer que a mim é que me aconteceu tal coisa assim-assim. Registaste? Ah, colaste com cuspo na memória disponível, a pouca disponível para mim. Sim, compreendo, como compreendo... Deixa estar, eu vou poder sempre contar-te outra vez o que me aconteceu, sim, o que aconteceu a este Eu, a este que vês. O quê? Achas que já ouviste isto que digo antes? Sim, é normal... Espera lá, se calhar conto outra vez, podes já ter esquecido aquele pormenor que te faz soltar sempre aquela gargalhada tão espontânea como a minha expressão de surpresa ao ouvir a tua história. Já percebi, não queres ouvir, não te interessa, não me digas! Interessa-te tanto como a tua história a mim? Isso é pouco ou nada... Mas eu, a mim é que. Porque fiz e aconteci e depois voltei a acontecer e fazer, eu. Desculpa, tinha que contar, registaste? Não? Tudo bem, pede mais uma cerveja e vamos ser felizes enquanto nos aborrecemos. Competimos a ver quem aborrece mais quem. Eu, a mim e tu interrompes e dizes, mas não queiras saber, eu... E ficamos assim a ouvir-nos só a nós mesmos, mas com público, o publico és tu e sou eu, a pensar em mim e a falar de mim e tu a pensares e falares em ti. Se o bar não fechasse e as cervejas não deixassem de aparecer à nossa frente a determinada altura, por quanto tempo mais poderíamos estar neste jogo de "ouve lá agora o que eu digo"? Podia ser preocupante, acabavam-se os post-its e a saliva para os colar, o shuffle das histórias podia falhar e a repetição tomava conta de mim e de ti e aborrecer-nos-íamos tanto, mas tanto, que ficávamos irremediavelmente surdos, falaríamos ao mesmo tempo e empolgadamente íamos aumentando o tom de voz de tal forma que a perderíamos, a voz. Mas ainda assim continuávamos a mexer os lábios, porque não ouvíamos nem percebíamos que estávamos sem voz e tínhamos mesmo que contar só mais aquela história sobre Eu. Não! Pára! O bar vai fechar, estamos salvos. Até amanhã, amanhã não me vou lembrar do que me contaste, que pena... Espera, encontramo-nos amanhã e contas-me outra vez, ok? É que eu, a mim também me aconteceu sei lá o quê e amanhã conto-te tudo. Vou para casa e penso nele e nas histórias que ele contou, mas as minhas, eu, eu é que, eu, eu, eu...<br />18/04/2006</div></div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-8573571852677373152009-12-30T11:18:00.008+00:002009-12-30T23:03:21.120+00:00Quando me falaste dessa ponte...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgweUvnPfXvcVGGAWluFotsMU2Oc3i2gOc2PXaL7DIt01dVBIYgq3FgKRDIVLCeF0hGwo6Vw8rGIfFCs5y8v0CfcNJ4sgKBDlNF2A-6n-yUGuuMonCRvcsvKnF52N0q1Or3EHpLwg/s1600-h/Brigde.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5420988287712741330" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 267px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgweUvnPfXvcVGGAWluFotsMU2Oc3i2gOc2PXaL7DIt01dVBIYgq3FgKRDIVLCeF0hGwo6Vw8rGIfFCs5y8v0CfcNJ4sgKBDlNF2A-6n-yUGuuMonCRvcsvKnF52N0q1Or3EHpLwg/s400/Brigde.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Lembro-me dos sítios onde escrevi, quando gostei do que escrevi. Espero que me lembre deste quarto e desta cama, com esta colcha que me acompanha e que é boa. Gosto dela.<br />Quando me falaste nessa ponte… Quando foi mesmo? Desconfiei dela. Pois foi, lembro-me agora. Aquela não era uma manhã para acreditar nessas coisas. Havia sol, uma brisa suave tocava-te o cabelo e havia reflexos de âmbar na tua face. A claridade levava-te a franzir a testa e com os olhos semicerrados, falaste-me nessa ponte. Um misto de entusiasmo e mistério envolviam as palavras que ventilavas sussurrando. Mas aquela não era manhã para acreditar nessas coisas. Prendia-me mais facilmente na dança dos teus lábios, vendo-os articular descobrindo às vezes os dentes, do que no que descrevias. Aquela manhã não era manhã para acreditar nessas coisas. Bebeste o café num trago, parecias agitada. Nem desconfiaste que desconfiava do que me contavas. Nem desconfiaste quando aproveitei para te pegar na mão com a desculpa da reclamação da conta para mim e demorei os meus dedos na tua pele o quanto pude. Essa não era uma boa manhã para acreditar nessas coisas. A culpa não era do sol de Inverno, a culpa era dos teus lábios secos onde de vez em quando um cabelo e tu a afastá-lo com a mão. A culpa era dos teus olhos que às vezes cegavam os meus quando os encontravam. Desviava-os como quando fixamos o sol e já não aguentamos mais.<br />A história tinha espectros e anjos, acho que tinha criaturas e dimensões que não as nossas, tinha, parece-me, rios de vinho e árvores de ferro enferrujado, que não sabias como, mas aguentavam flores também de ferro. A história era de uma ponte para um imaginário que talvez fosse só teu. Mas aquela manhã… Sei a cor da tua camisola de gola alta, não sei dizer qual era, mas sei a cor que era. Se a visse agora, sabia. E tinhas aqueles brincos que disseste para te comprar no Natal, que estavam na montra daquela loja. Nunca tive coragem para te escolher um presente. Ou nunca arrisquei falhar nessa tarefa e desistia quando perguntava: “O que queres que te <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHoMIwZhMUOQ1GIQt9hEf8GH5Vv4RF7QP1eNOsnj5W95mEP21C-0OQSQAvxZilVGkTU6hCGWHIk7V0iXIld6f5clzI3et5GHp28ZMeI4e7RU4eJ4WpehbhFyFDs7JW-2iWCzCcVA/s1600-h/Brigde+I.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5420988571923634610" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 267px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHoMIwZhMUOQ1GIQt9hEf8GH5Vv4RF7QP1eNOsnj5W95mEP21C-0OQSQAvxZilVGkTU6hCGWHIk7V0iXIld6f5clzI3et5GHp28ZMeI4e7RU4eJ4WpehbhFyFDs7JW-2iWCzCcVA/s400/Brigde+I.jpg" border="0" /></a>dê?” Tu, desapontada, mas compreensiva dizias por exemplo: “Estão uns brincos na montra daquela loja.” Os brincos eram bijutaria, mas eram um arco tão perfeito que parece que podia escorregar neles e segredar-te ao ouvido: “Não descrevas mais os restos de madeira da tosca ponte mágica com que sonhaste, ou que atravessaste mesmo, não quero saber como era! Diz-me antes que ainda me amas, que essa é só a tua realidade.” Como a realidade do poeta que lia poetas místicos e dizia por fim que as flores e as árvores existiam para existir, simplesmente. Aquela não era uma manhã para acreditar nessas coisas.<br />A história tinha aves de papel colorido que assobiavam colcheias e outras formas musicais e que esvoaçavam tipo as andorinhas. Dizias: “Tipo as andorinhas, muito ágeis e rápidas, percebes?” E eu: “Sim, percebo, mas e que cores tinham?” Não me interessavam mais cores que não o castanho dos teus olhos e o castanho do teu cabelo, ou mesmo a da blusa de gola alta que me lembro qual era mas não sei dizer agora. Só queria continuar a perder-me na dança dos teus lábios e na sinfonia do teu sussurro. E encorajava-te a descrever o que tinhas visto ao atravessar a ponte. Não me lembro bem, mas julgo que a descreveste pequena e tosca, como se feita para passar de uma só vez. Um amontoado imperfeito de paus imperfeitos de origens diversas. Era? Não sei, mas as tuas mãos tremiam um pouco. Talvez de frio, aquela esplanada aquecida pelo sol de Inverno era bafejada às vezes por aquela brisa que levavam os teus cabelos aos teus lábios e tu a tirá-los, maneando a cabeça ao mesmo tempo que a mão e… A ponte já não sei, aquela não era uma manhã para acreditar nessas coisas.<br />Queria que voltasses de lá e atravessasses no sentido da margem onde eu te esperava. Queria ter entrado contigo nessa realidade, fazer parte da tua história. Mesmo que com o corpo de papel colorido, a assobiar colcheias e a voar como as andorinhas. Podia ser. Assim talvez… Mas aquela manhã… Queria antes a realidade daquele rio e daquela ponte perto daquela esplanada onde a tua blusa e os teus brincos, os teus lábios com o cabelo e tu. E eu a tocar-te na mão como quem te chama para a realidade. “Ainda me amas?” era o que queria perguntar em vez de: E que cores tinham, os pássaros de papel que assobiavam colcheias e voavam como as andorinhas?”<br />Gosto desta colcha, espero lembrar-me dela… </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="right">FOTOS DE RICARDO CRUZ</div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37717213.post-19916693606816405422009-11-23T15:06:00.001+00:002009-11-23T19:49:12.736+00:00Se calhar já não é por acaso...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ5_PDTSDVPrEHZ0_gXIUoRorY66GfNfkEWkADIAycCTV0U-CeePQzg-tkM01_ad6E36ZpVcqQj1upguyEM1pBfcfQQNcw3HWEfDjtaxZzsrsf4f3j8kDqjvT7eScbFIPNKheI9A/s1600/efc.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5407388481983714098" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 316px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ5_PDTSDVPrEHZ0_gXIUoRorY66GfNfkEWkADIAycCTV0U-CeePQzg-tkM01_ad6E36ZpVcqQj1upguyEM1pBfcfQQNcw3HWEfDjtaxZzsrsf4f3j8kDqjvT7eScbFIPNKheI9A/s400/efc.bmp" border="0" /></a><br /><div><a href="http://www.futsalportugal.com/index.php?option=com_joomleague&func=showResultsRank&p=44">http://www.futsalportugal.com/index.php?option=com_joomleague&func=showResultsRank&p=44</a></div><br /><div></div><br /><div></div><br /><div></div>rogerAjactohttp://www.blogger.com/profile/09863128153632759927noreply@blogger.com0