quinta-feira, outubro 28, 2010

Origem: Portugal.


“Levo destas que são nossas.”E agarro no saquinho já preparado, com um kilo certo. São pequeninas mas parecem-me boas, rijinhas. Na fila para a caixa, vou decidindo que pastilhas adicionar à lista de compras. Sim, porque é quase impossível não engrossar a conta com um ou dois pacotes de pastilhas. Parece que se precipitam para dentro do cesto, ou para cima do tapete rolante: ”Jeronimoooo”!
Atento então nas maçãs dentro do cesto, mesmo ao lado do pack de mini Sagres (escolha essa indubitável). Porque decidi escolhê-las? Porque funcionou tão bem comigo o apelo à compra do que é português? As do lado eram bem maiores e mais brilhantes. O preço não sei, nem destas. “Quanto custaram mesmo? Epah, não, parece-me razoável..” Mas também já não fui ver quanto custavam as peruanas, as espanholas ou as francesas. Mesmo que fossem um pouco mais baratas traria sempre as nossas. Porquê?
Fui formulando teorias enquanto atirava para o cesto as pastilhas com sabor a melancia-ao-pôr-do-sol....
Deve ser da crise. A crise tem explicado 90% dos nossos dilemas ultimamente, era mais um para o saco (ou cesto, neste caso). Como as coisas estão mal por cá e os economistas da segunda-feira à noite dizem que temos que fomentar a produção nacional… Talvez inconscientemente o banho de crise me tenha levado a esse arbítrio. Hmmm, não! Só por isso não…
Talvez tenham sido resquícios de patriotismo. Desde o tempo em que selecção portuguesa jogava bem e púnhamos bandeiras à janela ou cantávamos o hino a chorar: “Heróis do mar…” Evocávamos conquistas dos egrégios avós, a lutar contra tudo, por cima de tudo, contra os canhões na terra e no mar… Eh lá, fui longe demais. Às vezes tenho que pôr travão… Não, também não foi isso. Ou não foi só isso…
Há umas publicidades tipo: “comprar o que é nosso” e “o que é nacional é bom” e outras que tais. Também me podem ter influenciado. Tipo surgir um mecanismo qualquer no meu inconsciente sempre que me deparo com uma possibilidade de escolha destas, despoletado por uma espécie de hipnotismo gráfico, subliminar e que o meu consciente não filtra, influenciando-me subtilmente na escolha. Hã? Epah, tenho de parar com isto…
Espera, há a questão da confiança, por exemplo: as nossas maçãs devem ter menos curas maléficas e conservantes injectáveis. Cá não usamos dessas coisas, pois não?! Devem ter vindo de uma quintinha cuja produção foi pouco mais do que aqueles 10 sacos de 1 kilo e usaram sempre fertilizantes naturais como a bosta de vaca e de cavalo e esterco de porco e de galinha e as lagartas eram afastadas pelos tratadores de forma delicada e as moscas comiam os insectos maus e as minhocas ajudavam na combustão e… Ok, já chega!
Acho que foi por acaso! E por causa das merdas, hoje não levo pastilhas…